Nos meses de junho a novembro, a costa brasileira recebe visitas muito especiais.
Tem ideia de que visitas são essas?
Se você pensou nas baleias jubarte, acertou! Chegando até 16 metros de comprimento e podendo pesar cerca de 40 toneladas, a jubarte é facilmente identificável por sua coloração escura no dorso e nadadeiras típicas da espécie, que podem ter ⅓ do tamanho do corpo e geralmente tem as bordas brancas. Sua cauda possui na face inferior diversas manchas brancas que são diferentes entre os indivíduos, nunca se repetindo, e isso é a identidade de cada indivíduo, assim como cada um de nós tem seu número de RG.
Agora que conseguimos ter uma noção do tamanho e características básicas do corpo desses animais, já pensou qual seria o cardápio deles?
Pois bem, logo imaginamos que para sustentar suas quase 40 toneladas, elas devem se alimentar de peixes grandes, certo? Errado! A fonte principal de alimento das jubartes é o krill, que são crustáceos bem pequenininhos, parecidos com o camarão. Imagina a quantidade de krill para satisfazer uma baleia dessas? É preciso muita coisa, e a jubarte tem um mecanismo extremamente eficaz para conseguir se alimentar de forma eficiente. Você já deve ter reparado em filmagens ou fotos que as jubartes tem um papo bem grande, que chamamos de sulcos ventrais, e quando a baleia abre a boca eles expandem e ela consegue armazenar uma quantidade gigantesca de água, e quanto mais água, mais krill ela vai conseguir capturar, e muitas vezes até pequenos peixes acabam fazendo parte do menu. Mas o processo de alimentação dela não para por aí. A baleia não pode simplesmente ingerir centenas de litros de água salgada, então ela contrai os sulcos ventrais, e pressiona a língua no céu da boca, fazendo com a água seja empurrada para fora, mas o krill e pequeno peixes permaneçam em seu interior por conta das cerdas que funcionam como um filtro para esses pequenos animais. As jubartes não possuem dentes, como as cachalotes por exemplo, a estrutura presente em sua boca são justamente essas cerdas que filtram seu alimento, permitindo apenas a saída de água. Uma boa forma de visualizar isso é com a cena do filme “Procurando Nemo”, quando o pai do nemo e a Dory estão presos no interior da boca da jubarte.
E o borrifo da baleia? Seria água saindo pelo seu orifício respiratório? Muitas pessoas pensam que sim.
Trazendo novamente o filme “Procurando Nemo” quem já viu sabe que o pai do Nemo e a Dory saem através do orifício respiratório da baleia, que nada mais é do que sua narina. É muito comum o erro de acharmos que a baleia solta água por ele, mas pense comigo, se as baleias são mamíferos e tem respiração pulmonar como a nossa, faria sentido sair água pelo seu orifício respiratório? Não. É exatamente como nós respiramos, saindo apenas ar por ali, é importante lembrar que por se tratar de um mamífero marinho, ela é adaptada ao meio em que vive, com uma fisiologia e capacidade pulmonar muito diferentes das nossas,O que faz com que a gente pense que é um esguicho de água, é o efeito da água que foi acumulada na saída do orifício respiratório que vaporiza quando o ar sai quente do pulmão da baleia. Se quiser ver na prática, experimente expirar bem perto de um espelho ou vidro, vai ser possível ver a formação de gotículas de água, agora imagina como o ar não sai quente de um pulmão do tamanho de uma baleia?
E aí, essas curiosidades sobre as baleias te deixaram ainda mais apaixonado/a por ela? Então fique ligado, em breve teremos mais artigos aqui no blog sobre a rota migratória e conservação dessas gigantes gentis dos oceanos!
Uma apaixonada Bióloga Marinha, cujo amor pelo oceano e sua conservação a impulsionou a criar o projeto Ecos do Oceano. Desde muito jovem, ela cultivou um fascínio incomparável pelas profundezas azuis do mar e pela rica biodiversidade que habita os recifes de coral e as águas cristalinas, muito estimulada pelo seu pai, também biólogo, que sempre transmitiu esse amor e encanto pela natureza a sua filha.
Sua jornada como bióloga contou com uma ferramenta muito especial que a possibilitou vivenciar de perto os oceanos, atuando profissionalmente com o mergulho em lugares fascinantes, como a Tailândia. No Brasil, residiu na Ilha de Fernando de Noronha – PE e hoje atua no Rio de Janeiro, instruindo e guiando grupos, conectando a experiência com o aprendizado se tratando de ecologia marinha.
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