Tartarugas marinhas. Belas e vulneráveis
Com mais de 100 milhões de anos de história de sobrevivência e evolução, as tartarugas como podemos ver, são anciãs em comparação a nós na história do planeta. Diferentes adaptações garantiram o sucesso desses animais, como por exemplo seu casco extremamente hidrodinâmico, pulsos e dedos se alongaram formando eficientes nadadeiras, garantindo uma agilidade ímpar no ambiente aquático. As tartarugas conseguiram sobreviver a todos os eventos de mudanças climáticas que houveram até hoje, e porque então são vulneráveis? Vamos começar com um apanhado geral.
Quantas espécies de tartaruga marinha você acha que existem no mundo?
Para essa pergunta, já ouvi respostas de 3 até 1000 espécies, mas no mundo todo existem apenas 7 espécies de tartaruga marinha, e não se preocupe se pensou em um número muito distante desse, é difícil pensar na quantificação de espécies, já que temos animais como os peixes marinhos por exemplo que, só na costa brasileira temos ocorrência de mais de 1000 espécies.
Quais são as espécies de tartaruga marinha?
Vamos listar as espécies com seus respectivos nomes científicos e sua distribuição:
● Tartaruga de Kemp _ Lepidochelys kempii (Golfo do México)
● Tartaruga Australiana _ Natator depressus (Austrália) ● Tartaruga Verde _ Chelonia mydas (zonas tropicais e subtropicais de todos os oceanos)
● Tartaruga de Pente _ Eretmochelys imbricata (mares tropicais e por vezes subtropicais dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico)
● Tartaruga Cabeçuda _ Caretta caretta (zonas tropicais e subtropicais de todos os oceanos)
● Tartaruga de Couro _ Dermochelys coriacea (zonas tropicais e temperadas dos Oceanos Índico, Pacífico e Atlântico)
● Tartaruga Oliva _ Lepidochelys olivacea (Mares tropicais e subtropicais, nos oceanos Pacífico e Índico. No Atlântico, ocorrem na América do Sul, América Central e na costa oeste da África)
Como você observou, 5 das 7 espécies ocorrem no Brasil. Com nosso vasto litoral, temos um papel fundamental na vida desses animais. No entanto, quatro das cinco espécies de tartarugas marinhas que habitam o Brasil enfrentam algum grau de risco de extinção, de acordo com as avaliações do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (ICMBio/MMA) e da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) . Com base na mais recente revisão realizada pelo grupo de especialistas em tartarugas marinhas e conforme estipulado na Portaria MMA Nº 148, de 7 de junho de 2022, o status dessas espécies ficou assim definido: a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) permanece na categoria “criticamente em perigo”; a tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) e a tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) passaram para a categoria “vulnerável”; A tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) agora está como “em perigo”. Por outro lado, a tartaruga-verde (Chelonia mydas) saiu da lista de espécies ameaçadas e passou para a categoria “quase ameaçada”. No entanto, essa mudança de status requer a implementação de ações de conservação contínuas para garantir que permaneça nessa condição.
Ecologia das tartarugas x Conservação
Depois de analisar qual a situação atual das tartarugas, você com certeza percebeu que a tartaruga verde é a que corre menos risco de extinção em comparação às outras. Você sabe porque? A tartaruga verde tem sua desova predominantemente em ilhas oceânicas, o que tornava mais difícil o acesso das pessoas na captura de seus ovos e até mesmo das tartarugas que estavam desovando. As outras espécies desovam pelo nosso litoral, e antes dos esforços conservacionistas, se tornavam alvos fáceis à captura. Além disso, a interação com petrechos de pesca ainda é uma grande preocupação para essas espécies. Uma tartaruga verde, por exemplo, só atinge a fase adulta e reprodutiva por volta dos 20 anos de idade, e dentre cada mil filhotes que nascem, apenas um ou dois conseguem sobreviver até atingir a idade adulta, passando por diversos desafios, sendo o ser humano o principal deles. Atualmente, é proibida a captura de ovos ou indivíduos adultos, assim como a pesca dos mesmos. A grande diminuição no grau de ameaça para essa espécie é resultado das iniciativas contínuas e de esforços promovidos pelo Projeto Tamar, que já se estendem por mais de quatro décadas, além dos esforços realizados por outras instituições que compartilham o mesmo propósito.
A sensível reprodução das tartarugas marinhas e a interferência do homem nesse processo:
Quais tartarugas são mais fáceis de avistar?
A tartaruga verde é a mais comum de ser encontrada por nós, já a tartaruga de pente não é tão fácil assim, mas é mais fácil avistar elas em locais como Ilha de Âncora em Búzios, Ilha Grande, Fernando de Noronha e Abrolhos, mas como o mar não tem cercas, você pode dar a sorte de esbarrar com uma tartaruga de pente em qualquer praia. A tartaruga cabeçuda é avistada em ilhas mais afastadas, como Abrolhos e Noronha. A tartaruga de couro e a oliva são oceânicas e costumam se aproximar da costa apenas na época de desova.
Lembre-se!! Por mais encantadoras e charmosas que as tartarugas possam ser, devemos sempre respeitar seu espaço e nunca tocá-las.
E aí, gostou de saber um pouco mais sobre as tartarugas? Ficou com vontade de conhecer mais sobre elas? Então fique ligado/a em nosso blog, em breve muito mais conteúdos que ecoam os oceanos.
Uma apaixonada Bióloga Marinha, cujo amor pelo oceano e sua conservação a impulsionou a criar o projeto Ecos do Oceano. Desde muito jovem, ela cultivou um fascínio incomparável pelas profundezas azuis do mar e pela rica biodiversidade que habita os recifes de coral e as águas cristalinas, muito estimulada pelo seu pai, também biólogo, que sempre transmitiu esse amor e encanto pela natureza a sua filha.
Sua jornada como bióloga contou com uma ferramenta muito especial que a possibilitou vivenciar de perto os oceanos, atuando profissionalmente com o mergulho em lugares fascinantes, como a Tailândia. No Brasil, residiu na Ilha de Fernando de Noronha – PE e hoje atua no Rio de Janeiro, instruindo e guiando grupos, conectando a experiência com o aprendizado se tratando de ecologia marinha.
Add a Comment